sábado, 6 de abril de 2013

A Todo Pano!

Tempo nublado, nuvens carregadas e ameaçadoras, mar agitado, vagalhões por vezes assustadores, ventos fortes soprando no norte  que variam o convés,onde a tripulação se preparava para a batalha,  Os grandes navios de linha de 78 canhões poderiam usar apenas metade do seu poder de fogo devido a agitação do mar. Então o vai e vem de tripulantes, fuzileiros e oficiais era incessante. Entre as duas flotilhas, uma recife podia ser observado, quando as ondas se chocavam  sobre a formação rochosa.  As cartas naúticas alertavam para recifes submersos, acentuando o risco de um acidente em meio a batalha que se aproximava.

Ao sul do recife três navios ingleses,  dois de linha, Deffence e Royal Souvering e a fragata Leander que  fechava a formação. Ao norte a sotavento os franceses tendo a frente o Duquesne seguido de perto pelo Aquilon. Mesmo com o vento a favor os franceses baixaram as velas tomando curso sudeste, aguardando a  definição do movimento dos navios ingleses. Assim que o recife ficou entre as duas formações,  ambos navios mudaram o curso para sudoeste inflando  velas e ganhando velocidade, agora  com a clara intensão de cortar a passagem dos ingleses e força-los contra o banco de recifes.


Em primeiro plano olhando do norte, os navios franceses, no centro os recifes, ao sul os navios ingleses.
A vantagem inglesa consistia em ter um navio a mais, com o mar agitado deixava a fragata quase em igualdade de condições,  por isso esperar a definição do movimento inglês foi crucial.


Cientes do risco os capitães ingleses Rottenburg ( mercenário alemão a serviço inglês), Bruno e Nagorsky em curso  nordeste, enfrentavam problemas com o vento norte, que aos poucos mudou para vento noroeste, mas que em nada ajudou, mantiveram-se a sudeste do recife, enquanto os navios francesas partiam para o ataque.

Neste momento com a definição do movimento inglês o Duquesne parte em curso sudeste para interceptar os navios ingleses.



Aqui fica visível a manobra de interceptação, o Aquilon já segue a todo pano o Duquesne, esperando o momento de atacar, o plano era o Duquesne viar no momento certo para sul procurando  expor seu lado , enquanto Aquilon deveria interceptar pelo centro  e fechar a passagem do Deffence, tendo que expor o navio a dois ataques de diferentes navios.
A quebra da formação foi obtida,

  
O Duquesne capitaneado por um  francês de origem italiana chamado Furlaneto  a frente da formação,  já próxima dos ingleses mudou para curso sul e se envolveu em combate contra o Deffence, a tática dá certo, os ingleses agora paralelos  um ao outro deixando o Royal Souvering sem chance de participar da refrega. A fragata Leander  ganhou velocidade para não ficar  isolado e enfrentar sozinho o navio de linha francês  Duquesne.


Neste momento o Duquesne parte para o ataque em curso sul. perceba a fragata Leander cruzando por trás do Deffence, no movimento que se seguiu o Deffence atacou o Duquesne, mas acabou evitando que o Royal Souvering se envolve-se na batalha.


Enquanto isso o Aquilon capitaneado pelo mercenário alemão H. Müller cortou a frente da formação inglesa em curso leste, quase perpendicular ao movimento do Duquesne, o que expos a proa do Deffence. A batalha que se seguiu foi tumultuada, o Duquesne sofreu grandes avarias e baixas na tripulação, mas cobrou igual preço do Deffence, foi quando o Royal Souvering agora a frente da linha inglesa, atacou o Aquilon, enquanto isso passando a  leste a fragata Leander tentava contornar os navios franceses.

O fogo roupeu a bordo do Duquesne, e em seguida no Royal Souvering, que foi a pique em um grande explosão em seu breve enfrentamento contra o Aquilon, indo rapidamente ao fundo. A tripulação do Duquesne lutava para repor armas avariadas, enquanto isso o vento mudou para oeste, continuava a favorecer  a dupla francesa.



Com o Royal Sounvering fora da batalha a vantagem agora pendia para os franceses, e a brava fragata Leander, partiu para o ataque contra Aquilon, causou avarias mas também sofreu avarias, neste meio tempo o Duquesne após reparar canhões, tomou rumo norte em perseguição aos ingleses, o Deffence por um momento ficou seu participar da ação. Foi quando o Duquesne acertou a rápida fragata Leander, o fogo a bordo da fragata chegou ao paiol de munições , causando uma grande explosão e botando fim em um segundo navio inglês,


Nesta imagem é possível perceber o caus da batalha,o Royal Souvering já foi a pique, o Aquilon ( no centro em primeiro plano)  abre fogo contra o Deffence e a fragata Leander, enquanto o Duquesne em curso leste estava virando para perseguir  os ingleses.
Perceba que os navios ingleses, estão um para cada lado demonstrando o acerto da manobra  e a quebra da formação inglesa. Na sequência dos fatos a Leander atacou o Aquilon e posteriormente  seria atingida  pelo Duquesne e afundaria, enquanto o Deffence rumava para o norte .



A batalha parecia certa, dois navios franceses, contra um inglês, se o último navio inglês fosse afundado, a vitória seria retumbante, mas o Deffence ainda acertou alguns tiros no Duquesne, causou  novo incêndio a bordo,   desta vez  no entando levou a uma explosão e ao naufrágio do navio.

Ficaram o Deffence se afastando em curso norte e o Aquilon que também avariado retirou-se a leste. A vitória era certa, dois navios ingleses afundados ao custo de um navio francês.

Foi assim a batalha do recife  na baia azul. Para quem curte, jogos de guerra,  Flotilha é um jogo tático naval. O jogo não faz uso de tabuleiro e sim de mesa, neste caso caracterizada com um tecido  azul para criar o efeito  extra, como podem conferir nas imagens.

Pelo  relato que é a descrição do que aconteceu na batalha, podem ter uma ideia do que ocorre durante a partida, lógico apimentada pela imersão no tema, nomes dos capitães, os navios no entanto são caraterizados, e seus nomes são reais, foram navios que realmente existiram,  navios de linha de dois decks, contavam em média entre 72 a 78 canhões, divididos a bombordo e estibordo. Dai a palavra bordoada, que faz alusão a um lado do navio quando todas as armas atacam. Na partida o vento forte,  fez com que o mar fosse considerado agitado, desta forma os navios não podiam usar todas as armas,o deck inferior tinha que manter fechado para evitar entrada de água,  reduzindo o poder de fogo, situação que  foi  importante para o envolvimento da fragata na batalha.


Agradeço  a participação na partida do Rafael companheiro de flotilha que liderou o ataque aos navios ingleses a bordo do Duquesne, aos rivais ingleses, Bruno no comando do Royal Souvering, o "mercenário"  Dieter no comando do Deffence, muito envolvido na batalha ( bastante para alguem que não curte este tipo de jogo, gostei muiot de ver) ,acabou por estar sempre no centro dela e ao astuto  polonês voador Nagorsky, meu amigo Witold, que partiu para o ataque no momento necessário, mas contra dois navios de linha mesmo avariados fez mais do que poderia.


Faltou mesmo as casacas vermelhas para os ingleses nesta imagem. Witold (E), Bruno e Dieter o trio britânico nesta batalha.

Percebi e fiquei muiot feliz com o envolvimento de todos, as discussões sobre como proceder, para onde mover, as duvidas, os medos antes da batalha, para depois no auge do combate, amargurar com as suas decisões e ficar cheio de orgulho de seus feitos.

Ficou bem evidente o quanto um jogo deste tipo é tático. A questão do vento é crucial, saber tirar proveito dele também faz parte do jogo,  não que seja decisivo, mas ajuda a fazer o principal, posicionar o navio  de forma vantajosa no momento do ataque. Durante a partida, consegui por uma única vez posicionar o Aquilon de forma a usar os dois costados e atacar pelos  dois lados,  entre o Deffence e o Royal Souvering.

Bom espero que tenham gostem do relato, serve como incentivo aos apreciadores de jogos de guerra, bem como um elemento de inspiração para quem ainda não jogou um jogo deste tipo.


Abraço!

2 comentários:

  1. Legal Hermes, mas como faz a movimentação dos navios e o ataque?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fala Paulo, tudo bom?
      O movimento é feito usando escalas, reguado pelo número de velas em uso e as condições do vento. Porem é observado a direção do vento, o que pode tanto dar maior velocidade ( sotavento, quando o navio tem o vento a favor) ou perdendo velocidade ao navegar em direções que exigem navegar em zigue zague , para ir contra o vento.

      abs!

      Excluir