domingo, 14 de julho de 2013

A aleatoriedade sempre bem vinda!

Então, quando jogávamos a muitos anos jogos como War, BI entre outros, era diversão, não estávamos nem ai para o fato de jogar dados para tudo, mesmo quando alguns jogos dependiam da sorte de forma continua e invariavelmente, rodada a rodada.
 Imagem do jogo Supremácia que têm muito do War.
 Com o surgimento dos chamados euro games, descobrimos jogos nos quais o dado passou a ser um agente inexistente,  as vezes até apontado como elemento para desvalorizar um jogo. Lembro  de  discussões na Ilha do Tabuleiro, cuja abordagem era algo como “jogos com ou sem sorte, o que é melhor??!!”, mas era outro contexto  e época e  não vamos tomar isso como uma regra.
Os ditos euros, mostraram  outro jeito de  um jogo existir, ser jogado,  diga-se de passagem, uma grata surpresa. Jogar jogos onde o fator sorte, deixou  de existir ou pelo menos não estar em evidência. Pense no Puerto Rico, já têm seus dez anos, para mim continua o jogão de sempre, o fator sorte do jogo é bem  limitado, e serve bem para ilustrar o assunto.
Bom isto é bem conhecido dos jogadores com alguma experiência, e na contra mão dessa história , os chamados America trash sempre navegaram por estas águas, ou seja misturar dados e escolhas (esta que é uma das principais características dos euros, “escolher o que vai fazer, tomar decisões”), mas por outro lado para muitos jogadores, estes jogos são demorados demais, difíceis de aprende, muitas peças e regras, eu particularmente não me incomodo  e até gosto disto.
Agora passados anos, uma infinidade de jogos depois, experiências diferentes, a aleatoriedade oferecida pelos dados, cartas ou outro elemento qualquer, é minha opinião (para muitos nunca deixou de ser), volta a ser um elemento bem vindo à mesa.
Metido a criar jogos, gosto de conhecer jogos, alguns não fazem o meu estilo, outros deixam a desejar por este ou aquele motivo, e sempre deparo com jogos interessantes, de qualquer forma, acho que devemos sempre procurar ver  o jogo, a partir de sua proposta, ou seja.....
Se for jogar um jogo tipo dungeon, que na maioria das vezes não me agrada, vou com a ideia que a proposta é aquela ali, rolar dado, escolhas simples, sorte e se possível e de preferência, mergulhar na questão lúdica do tema para extrair alguma diversão do jogo.
Alexandre the Great, falta variações, apesar de ser um bom jogo.
Se for jogar um jogo de guerra, a grande maioria usa dados (sorte e aleatoriedade) e  faz parte do jogo, mas é necessário principalmente planejar a batalha ou guerra, algo que agrada bastante, afinal acorre um confronto direto e as tomadas de decisões na maioria dos casos vai definir o vencedor.
Já ao jogar os euros, você depara com muitas propostas, com o Catan a exemplo, temos dados, dai resulta ter sorte envolvida, no entanto  também a aleatoriedade, a escolha de onde jogar  sobre o tabuleiro é fundamental. Outros são destituídos de sorte, a exemplo do Alexandre the Great, um interessante jogo de controle de área, com conflito, mas que tende a ser chato se jogado repetidas vezes e peca por não ter variações, que deixariam o jogo mais interessante.
 Catan, o jogo tido como divisor de águas, bom jogo, temos sorte e aleatoriedade caminhando lado a lado.
 É neste ponto que quero chegar, mesmo antes ou depois do Catan, um jogo limitado a  mecânicas, onde as coisas acontecem exatamente como uma receita de bolo, no qual a falta de variáveis, em muitos casos vai tornar o jogo chato e previsível, deixa de ser interessante.
Agora não vou apedrejar os jogos com esta caracteristica, vejo como uma solução o jogo ter muitas opções de jogadas, quando então estas variáveis servem como agente, para criar sempre situações diferentes, apesar dos mecanismos do jogo serem sempre os mesmos. Goa , Puerto Rico por exemplo, se encaixam neste contexto, mas em ambos os casos, o fato do jogador desenvolver sua área de jogo, levar a novas condições e possibilidades e isto  agrada bastante, deixa o jogo sempre aberto a variações e mudanças de rumo de modo a cada partida ser diferente uma da outra..
Mas de forma simples, a  variação e aleatoriedade oferecida pelos dados, cartas de eventos por exemplo, abre uma gama de situações novas e por vezes inesperadas, e tornam o jogo ainda mais interessante, ante as quais jogador deverá tomar decisões diferentes, mesmo com as restrições descritas pelas regras e mecanismos do jogo.
É este o meu recado, nada disso é novidade, muitos jogos já são assim, Kingsburg, Yspahan entre outros são bons exemplos,  mas acho que é sempre bom falar sobre o assunto, afinal, vai que você esta criando um jogo, então pense um pouco nisto, quem sabe você ajude a redefinir ou estabelecer alguns critérios que podem tornar sua ideia ainda melhor.

Grande abraço!

4 comentários:

  1. Particularmente gosto de jogos onde a sorte está envolvida, você planejando ações para determinadas situações que acabam sendo frustados pelos resultados dos dados (como aconteceu numa partida de Boot on the Ground ou quase numa recente partida de War - Junior, onde esta crente que iria perder), o pessoal mete o pau em jogos como War, mas o considero divertido por isso... :D

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    1. Fala Paulo, goswto e desgosto, se o jogo exigir algum planejamento, gosto do fator aleatório, agora em jogos sem pretensão, diversão o que vier esta bom!

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  2. Fala Hermes. Como já falei, em muitas de nossas conversas, jogos sem o fator sorte são simplesmente roupagens para o velho xadrez. Não vejo muito sentido em "reinventar o xadrez" (claro, isso é discutível).

    Gosto muito do fato de eu ter que lidar com o inesperado e ter de mudar, radicalmente as vezes, a jogada. Isto foi melhor proporcionado até hoje pelo fator aleatoridade (sejam dados, cartas, jogadas inesperadas de outro adversário, et cetera) proporcionando diversão, critério número um que adoto em jogos de tabuleiro. Já venci partidas em que não me diverti, apenas "cumpri de modo eficaz a receita", e já perdi outras que me diverti sobremaneira pois meus adversários responderam melhor às surpresas proporcionadas pelo fator sorte.

    Abs

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    1. Foram as nossas conversas e a passagem do tempo que moldaram a ideia deste tópico, concordo com vc Rafael! Conta muito a diversão, não o stress em jogos, mas continuo a gostar de jogos digamos "mecãnicos", porém com muitas variações de jogadas.

      abraco!

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